101 - Julgamento - 2ª Audiência - Testemunha 7
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Advogado do Arguido – Alguma vez foram visitas da casa e …
Ana Maria Miranda - … não, não …
Advogado do Arguido - … e se foram visitas da casa deles?
Ana Miranda – Não, de maneira nenhuma!
Advogado do Arguido – Não?
Ana Miranda – Não!
Advogado do Arguido – Em termos gerais, sabe porque é que o seu marido está a ser acusado?
Ana Miranda – Sei, sei!
Advogado do Arguido – Do que conhece dele, ele é pessoa para ter praticado estes atos?
Ana Miranda – Ò senhor doutor, isto é assim, eu estou casada há 27 anos com o meu marido, mas namoro com ele desde os meus 20 anos. O meu marido sempre viveu ali, naquela casa, com os pais e com os avós. Os pais são pessoas respeitadas ali na zona, todos os conhecem, nunca houve o que quer que fosse de queixas, são pessoas que são amigas de toda a gente, o meu marido em especial é uma pessoa que até é bastante acarinhado ali pelos vizinhos, inclusive dão-lhe as chaves de casa, ele fica com os comandos, pedem-lhe para tratar dos cães, ele vai dar medicamentos aos animais dos vizinhos, inclusive estes nossos vizinhos Vítor e Sílvia deram-lhe a chave de casa, deram-nos a chave de casa, com um papel, para o caso, quando eles não estavam, que tinha o contacto deles, os telemóveis, e dum sobrinho que mora em Cascais, se for necessário alguma coisa. O Miguel é uma pessoa, o meu marido portanto, é uma pessoa, eu acho-o, ele é extremamente calmo, é uma pessoa muito afetiva, a primeira reação que tem é ajudar, costuma ajudar as pessoas. Eu não sou bem assim, eu sou mais recatada!
Juíza – Mas a senhora não está a ser julgada!
Ana Miranda – Ah pois, peço desculpa. Pronto, é uma pessoa que normalmente ajuda as outras pessoas, tanto que lhe pedem por diversas vezes auxílio, inclusive, o senhor doutor que me desculpe, em relação a mim, o comportamento que ele teve. Eu tive um cancro aqui há uns anos atrás e o que aconteceu …
Juiz - … ó senhor doutor, ó minha senhora …
Ana Miranda - … o que aconteceu é que tínhamos mais em que pensar, tínhamos mais em que pensar do que estar, porque todos os momentos livres que nós tínhamos era realmente para uma pessoa arejar um pouco a cabeça …
Juiz - … pois …
Ana Miranda - … arejar a cabeça e sair um pouco daquele ambiente …
Juiz - … daquele ambiente!
Advogado do Arguido – É tudo senhor doutor!
Juiz – Senhor doutor, quer?
Advogado da Assistente – Quero sim senhor doutor, com licença …
Ministério Público - … eu também!
Juiz – Calma senhora doutora, há-de chegar a sua vez!
Advogado da Assistente – Com licença V. Exa., boa tarde senhora dona Ana Miranda. Olhe, ouvi aqui atentamente o seu depoimento, e houve aqui umas pequenas dúvidas.
Ana Miranda – Diga, diga!
Advogado da Assistente – Era assim todas as sextas feiras?
Ana Miranda – Todas as sextas feiras o quê senhor doutor?
Advogado da Assistente – O seu marido ia lá para a empresa, para a Querse …
Ana Miranda - … para a Cerci …
Advogado da Assistente - … Cerci …
Ana Miranda - … sim …
Advogado da Assistente - … ficava por lá, almoçava lá, ligava-lhe quando estava a sair, vinha de mota, creio que foi o que disse …
Ana Miranda - ... sim, sim, exatamente …
Advogado da Assistente - … chegava a casa e depois faziam o quê?
Ana Miranda – Foi o que eu disse, senhor doutor!
Advogado da Assistente – Iam passear? Sempre?
Ana Miranda – Sim, normalmente nós saíamos porque o meu filho na altura ia para lá, normalmente com a namorada quando ele saia da faculdade, a namorada também, e nós normalmente saíamos, deixávamos a casa por umas horitas, uma, duas, saíamos!
Advogado da Assistente – Muito bem, olhe …
Ana Miranda - … saíamos …
Advogado da Assistente - … costumavam passear a pé, iam de mota já agora, iam de carro?
Ana Miranda – Normalmente íamos na carrinha, levávamos a cadela, no verão íamos tipo …
Advogado da Assistente - … exactamente, iam passear, correr, aquelas coisas simpáticas …
Ana Miranda - … íamos fazer compras …
Advogado da Assistente - … quem tem pelo menos a possibilidade na cidade para ter animais sem ser enfiados num apartamento.
Ana Miranda – Sim, exactamente!
Advogado da Assistente – Olhe, isso faz tudo muito sentido …
Ana Miranda - … sim …
Advogado da Assistente - … esses passeios na sexta à tarde no verão, só há aqui uma coisa que eu não percebo …
Ana Miranda - … sim …
Advogado da Assistente - … os factos ocorreram em 21 de setembro, 21 de outubro e 21 de novembro, e se eu me recordo das minhas aulinhas da primária que me deram …
Ana Miranda - … sim …
Advogado da Assistente - … é outono, não é verão, correto?
Ana Miranda – Não, até outubro está …
Advogado da Assistente - … e eu agora vou-lhe fazer uma pergunta, no ano 2012 o outono foi muito chuvoso?