75 - Julgamento - Primeira Audiência - 4ª Testemunha
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Advogado do Arguido – Diga-me uma coisa, a senhora disse-me que vive há muito tempo naquela praceta. Dos quatro, dos três mais um que habitam a praceta, quem é o que vive lá há mais tempo?
Sílvia Carvalho – Eu?
Advogado do Arguido … sim, sabe quem é que vive há mais tempo?
Sílvia Carvalho – Imagino, com grande probabilidade, que seja aqui o senhor arguido. Com grande probabilidade, se não for ele é o vizinho à frente de mim. Não sei, não é do meu tempo, mas pelo histórico imagino que seja ele. Não será possivelmente o meu vizinho porque, não sei, é uma casa mais recente.
Advogado do Arguido – Diga-me outra coisa, o período que estamos aqui a ver, foi um período de três meses, setembro, outubro, novembro. Aquelas imagens que temos ali, como é que foram conseguidas?
Sílvia Carvalho – Pelo vídeo da porta …
Advogado do Arguido - … diga?
Sílvia Carvalho – Por um vídeo!
Advogado do Arguido – Esse vídeo, como é que consegue as imagens?
Sílvia Carvalho – Normalmente para uma situação normal nós instalamos normalmente é quando aciona, como a maior parte, mas acho que funciona com uma célula de movimento e também com a campainha.
Advogado do Arguido – Mas aquelas imagens que estamos ali a ver …
Sílvia Carvalho - … aquelas não, aquelas é uma situação especial …
Juiz - … mas está a dizer que aquele vídeo esteve permanentemente ligado …
Sílvia Carvalho - … naquele período sim. Depois de tantas intervenções …
Juiz - …como é que utilizou o vídeo, sem só funciona com a campainha?
Sílvia Carvalho – Ah, isso não sei …
Juiz … não sabe …
Sílvia Carvalho - … foi o meu marido …
Juiz - … ah, foi o seu marido!
Advogado do Arguido – Qual período, se sabe mais ou menos?
Sílvia Carvalho – Nós tivemos um período inicial com o problema do esgoto, tinha a ver com o vizinho e fizeram a trasfega. Começaram a ocorrer aquelas ocorrências menos normais, que era, nós tivemos com a praceta alagada, e sentíamos as movimentações do nosso vizinho e, portanto, como não estávamos o tempo todo em casa, e não podemos estar de guarda à casa, o que fizemos foi o meu marido que colocou, como é que se chama isso, uma imagem de vídeo num gravador perto da porta, para quando estávamos podermos ver. Fartámo-nos de dizer ao SMAS o que se estava a passar, o SMAS nada podia fazer, nós também não podíamos acusar diretamente as pessoas e tanto que não tinha fim porque …
Advogado do Arguido - … dona Sílvia, não era isso. Está aqui, isto são os filmes, durante que período é que filmaram?
Sílvia Carvalho – Ah, não sei, dias!
Advogado do Arguido – Dias! Não sabe o que é que aconteceu ao resto das imagens, visto que temos aqui só uns segundos?
Sílvia Carvalho – As imagens não tinham nada, tinham o carteiro a passar e tinha …
Advogado do Arguido - … é que, é que mais uma vez é assim, o que temos ali não foi o que foi requerido ao tribunal …
Sílvia Carvalho - … perdão?
Advogado do Arguido – O que temos ali não foi requerido ao tribunal. Eu vou dizer-lhe essa evidência. Isto poderia, por hipótese, termos 3 meses de imagens daquele local, aquele local onde se passou tudo ou não se passou nada. Ora esses 3 meses de imagens são prova. E, portanto, o seu marido o que fez foi com certeza, pelo menos da via pública, foi com certeza escolher aquilo que lhe interessava para entregar ao tribunal. Pelos vistos, há muito mais imagens …
Sílvia Carvalho - … há …
Advogado do Arguido - … do filme que está aqui …
Sílvia Carvalho - … que nós tivemos a ver imenso tempo de imagens …
Advogado do Arguido - … pois, é uma pena, é uma pena porque é assim …