70 - Julgamento - Primeira Audiência - 4ª Testemunha
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Ministério Público - … olhe, ó senhora Sílvia, diga-me outra coisa, a vossa vizinhança, já percebi, não é pacífica?
Sílvia Carvalho – Bom, não é fantástica, realmente o senhor tem comportamentos e tem um interesse especial …
Ministério Público - … olhe, explique-me lá quais são os comportamentos do seu vizinho, e se por ventura os senhores também têm algum comportamento para com ele. Isto é para tentar perceber o contexto. Repare, é quando nós fazemos uma imputação, quando nós dizemos “aconteceu isto”, ou quando temos uma convicção, no seu caso é uma convicção, tem que haver um contexto, eu não acordo de manhã e digo assim, “olha, agora apareceu-me o caixote de lixo roto, foi a minha vizinha da frente”, a menos que exista um historial que me permita de alguma forma achar que assim é. O que quero tentar perceber é, entre vós o que é que aconteceu, o que é que acontece que, para além desta imagem, lhe permite dizer com toda a certeza, que é sua convicção que foram estes senhores?
Sílvia Carvalho – Quando nós fomos para ali o relacionamento era normal, a vizinhança sem grande proximidade, e a partir da altura em que, nós por vezes já estávamos saturados até à exaustão, e o meu marido chamou à atenção do nosso vizinho, porque estávamos com muita dificuldade em ter algum controle, penso que é a isso que se refere, porque é isto que acontece, bom …
Ministério Público - … pois …
Sílvia Carvalho - … devemos ter algum controle porque o senhor tem cães, e o vizinho de baixo também tem, e é insuportável de manhã, à tarde, e à noite, o senhor tem 3 cães, o outro vizinho tem 2 cães, depois morreu um …
Juízes - … são para segurança …
Sílvia Carvalho - … sim, mas deve haver uma maneira dos cães …
Juiz - … não ladrarem?
Sílvia Carvalho - … pois mas é …
Juiz - … se a senhora vivesse na aldeia, eu por acaso tenho casa numa aldeia, a senhora vai para lá, os cães passam a noite toda a ladrar, toda ….